segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Especial Criança
Mundo Moderno: é preciso impor limites

Relacionamentos entre pais e filhos devem se basear na conversa e negociação

Leonardo Boloni
6 período de Jornalismo


Que bonitinho; deixe ele fazer; não dê bronca, ele ainda é muito novo para entender", é o que geralmente as pessoas dizem quando uma criança quer porque quer fazer as coisas. Bonitinho, mas nem tanto. Criar uma criança nos dias de hoje, não é uma questão tão simples assim. Existem aquelas crianças que dão birra de rolar no chão – não importa o lugar – passando a maior vergonha nos pais. A grande dúvida é: devo ou não bater? Devo ser flexível até que ponto? O que fazer com meu filho que só chora? Será que devemos conduzir nossos filhos ou deixar com que eles façam tudo o que quiserem?
Com o crescimento das opções de lazer eletrônico, com programas que mostram um comportamento consumista e os produtos infantis que lotam as prateleiras dos supermercados e lojas em geral, as crianças estão achando tudo muito atraente. Sejam os desenhos americanos ou japoneses, onde a guerra e outros atos criminosos são o principal atrativo ou os programas para os "baixinhos", onde a bunda da loira ou da morena é mais comum e divertida do que uma brincadeira de queimada. Pior que comum, está se tornando uma referência de comportamento para as crianças brasileiras. Adicionado ao despreparo dos pais, as crianças acabam perdendo algumas referências no padrão comportamental.

Metodologias aplicadas
Os pais ainda tem que enfrentar a censura quando dão palmadas. Será que isso resolve? Existem aqueles que não agüentam ouvir o choro das crianças, e para não cansarem os ouvidos acabam desgastando os bolsos para satisfazerem as vontades dos pequenos.

Cristiane Guarato, mãe de Lucas, 5, a questão foi um pouco mais problemática, pois é separada e criou o filho praticamente sozinha. Ela já passou por alguns problemas, mas hoje o relacionamento é baseado na conversa e negociação. "Se eu der uma chinelada, ele pode começar a esconder as coisas de mim, acho que o diálogo é a melhor maneira dele me entender", diz Cristiane. Quando o filho passa dos limites, ao invés de bater, ela prefere usar outros recursos como, por exemplo, tirar algo que ele gosta muito como a televisão e o vídeo game. "Acho que devemos ser mais amiga dos filhos, é preciso dar e ensinar o carinho, amor para ter um bom relacionamento", completa a mãe.
Wilson Oliveira da Silva, é casado há 16 anos e pai de Gabriel, 9, sua criação não foi tão problemática até agora. Apesar de ser uma criança como qualquer outra, o filho apresenta noções de responsabilidade. Durante o dia, ele fica com a avó, mas tem na figura dos pais um exemplo a ser seguido.
Segundo Wilson, o seu desenvolvimento foi feito em cima de muita conversa e companheirismo, apesar da influência da avó, que geralmente faz tudo pelo neto. Wilson e sua esposa Tânia conseguiram estabelecer uma relação de limites para o filho acompanhando suas atividades diárias. "Hoje não preciso estar cobrando as coisas, ele já apresenta consciência para realizá-las. Quando é hora de fazer tarefa é hora de fazer tarefa". Wilson acha, também, que a criação dada pelos avós tem que ter limites, pois são os pais os verdadeiros responsáveis pela educação. "Nunca deixamos para a avó fazer o que nós deveríamos fazer", completa o pai.
A jornalista e professora universitária Alzira Borges da Silva também tem uma grande tarefa pela frente, orientar seu filho Caio que está entrando na adolescência. Ela diz que seu filho hoje é muito calmo e os limites começaram a ser impostos aos dois meses, quando ela cortou as mamadas noturnas. Com o tempo, ela conseguiu habituar o bebê a mamar somente nos horários em que estava acordado. "Meu filho é tranqüilo, acho que esta característica me ajudou muito a compreendê-lo", afirma a professora. Mas houve algumas vezes em que Caio mostrava comportamentos anormais, como empurrar pratos de comida na mesa, ser grosseiro com os mais velhos, mas ela foi rígida nestes momentos e conseguiu contornar a situação.
Hoje, Alzira tem um relacionamento de responsabilidade com o filho. "Quando ele quer algum acessório para sua guitarra, precisa fazer algo em troca para mim", explica a professora. Alzira troca tarefas prestadas pelo filho pelas coisas que ele quer, como por exemplo fazer os serviços bancários e catalogar os vários livros da mãe. "Ele está ganhando o próprio dinheiro e está aprendendo a dar valor às coisas". Explica, ainda, que não quer que o filho seja obcecado pelo dinheiro, mas que ele saiba definir suas prioridades e administrar seu próprio dinheiro. "Hoje, Caio já sabe planejar o pouco dinheiro que tem na mão", garante a mãe.
Alzira sempre preferiu conversar, "mas teve hora que ele passava dos limites mesmo". Segundo ela, doem mais na mãe do que no filho as palmadas. "é preciso impor limites, mas de maneira saudável, com o diálogo", finaliza.

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